-
22Mai2016
- comments:
- 0
- share:
O festival de todas as loucuras: Arcos de Valdevez, ano 2000 [ GARAGEM ]

Vamos a recordaçoes onde a Garagem foi 100% a oficial produtora!!
Tenho pena ou não que não falem desta loucura de festival !!
Encontrei um unico artigo simples, que mostra 10% do que realmente foi , pois muito mais aconteceu > a loucura visivel da cantina onde os artistas faziam a festa (antes e depois de dar o show em palco) pois todos podiam ver, e muito mas muito mais , e muito importante que só quem lá esteve sabe, os fotografos não tinham limites de photografar , não houve palermices em que tinham só até a segunda musica ( sabendo que os artistas nao se importavam ), etc,,,,!!
Einsturzende Neubauten > https://vimeo.com/90475113
BLITZ >
O festival de todas as loucuras: Arcos de Valdevez, ano 2000 [exclusivo online]
25.08.2013 às 10h00
Quartos de hotel destruídos. Nudez integral. Um rocker norte-americano a começar aí uma dependência química. Einstuerzende Neubauten tocam três horas. Recordamos um festival mítico… de que poucos se lembram.
Também o jornal Publico anunciava >
Alternativa em Arcos de Valdevez
“Primal Scream, Einstürzende Neubauten, Death In Vegas, Delta 72 e The Fall são os nomes principais da primeira edição do Festival de Arcos de Valdevez, … ”
“Entre a aposta alternativa e um cartaz recheado de estreias, um festival a ir de vez.”
, “…..propõe um dos mais ambiciosos cartazes em cena nos palcos de Verão portugueses.”
“Em jeito de aquecimento, o primeiro dia de Arcos de Valdevez decorrerá sob o signo da produção britânica. O destaque vai para o circo cacofónico de Mark E. Smith e dos seus The Fall, a lendária banda pós-punk britânica que após mais de 20 anos na estrada se recusa a entregar de mão beijada a sua mescla esquizóide e disfuncional de surrealismo com instrumentos em rota de colisão permanente. Antes actuam os Bentley Rhythm Ace e o seu embrenhado de big beat, hip-hop, funk e música exótica roubada a discos raros comprados nas famigeradas feiras “car boot” inglesas, e os LT.NO, filhos bastardos da união de Gary Glitter com os Nine Inch Nails e de Vince Taylor com os Aphex Twin, cuja música activa samples, desconstrói sons e conspurca circuitos electrónicos.
Os ânimos prometem aquecer no segundo dia do festival, com o palco principal a ser tomado por um trio de bandas estreantes em Portugal. E que bandas! A inaugurá-lo estarão os Cranes, quarteto de Portsmouth nascido numa altura em que a chama gótica estava já reduzida a cinzas e que nem a beleza furtiva da sua música conseguiu arrancar ao esquecimento. Entre o cerimonial fúnebre e a sensualidade austera, uma atenção muito especial para a presença da luxuriante vocalista Alison Show, cuja voz fantasmagórica de criança saída de uma sessão de “Poltergeist” derruba certezas e transforma toda e qualquer esperança num lugar distante. Fértil e poderosa, a máquina sexual dos Delta 72 trará de seguida as últimas propostas do novo rock nova-iorquino a Arcos de Valdevez. O equivalente “rhythm’n’blues” de Jon Spencer e respectivos Blues Explosion troca as margens do delta do Mississipi pela memória histórica dos Rolling Stones e dos Small Faces, mas à imagem de bandas como os Royal Trux – quiçá os grandes ausentes do ano festivaleiro português – e dos Railroad Jerk, os Delta 72 não se esquecem de conspurcá-los às mãos da marmita escaldante da música afro-americana. Uma actuação imperdível, assim como imperdível promete ser a descida às caves lúgubres dos britânicos Death In Vegas. A banda de Richard Fearless e Tim Holmes, actualmente a compor a banda sonora para a sequela de “Seven”, de David Finch, visita casinos em ácido, resgata metodologias de estúdio à Factory dos Velvet Underground e passeia a cacofonia de bandas como os Bauhaus ou os Swans por bosques escuros e labirínticos.
No seu último álbum, o milagroso “The Contino Sessions”, convidam o ouvinte a embarcar numa longa corrida por uma estrada perigosa com um acidente no fim. E como se já não bastasse, Iggy Pop e Bobby Gillespie são apenas alguns dos nomes que vão sentados no banco de trás. Gillespie e os seus Primal Scream são as figuras principais do terceiro e último dia do festival, que à imagem de qualquer ocasião que se quer grande promete ser o maior de todos eles. Espécie de compêndio de luxo que contém em si toda a história da música independente britânica ao longo das duas últimas décadas, os Primal Scream reciclaram o revivalismo “sixties” que pautou a sua fase inicial ao fundirem-no com as modernas texturas dançantes saídas do movimento acid-house, reinante em Inglaterra no final dos anos 80. O inovador “Screamadelica”, de 1992, é guardado como um marco incontornável na década pop britânica, o último grito fusionista que fez descer o rock às pistas de dança e que tornou a música de dança aceite no “mainstream”. Entre fusões neo-psicadélicas, militantismo esquerdista e a ingestão olímpica de drogas psicotrópicas, o último “XTRMNTR” é o exterminador implacável que assaltará o palco principal no último dia de Arcos de Valdevez. Antes actuam os Einstürzende Neubauten, a lendária formação alemã encabeçada pelo também guitarrista dos Bad Seeds Blixa Bargeld. Pioneiros do rock industrial, os Neubauten transformam palcos em fábricas imensas conspurcadas por gases perigosos e ruídos infernais, mas depois de 20 anos a poluirem atmosferas decidiram celebrar a história e reclamar que também o silêncio pode ser “sexy”. “Silence Is Sexy”, o último álbum de Bargeld e demais operários alemães, é o motivo que os traz de volta a Portugal. Teen Spirit, uma banda de versões dos Nirvana para consumo dos saudosos do tempo em que Kurt Cobain ainda não tinha comprado armas – há quem diga que são melhores que os originais… -, e os The Troggs, os míticos “rock’n’rollers” que aos 50 anos de idade continuam a capitalizar com o clássico “Wild thing”, fecham o cartaz do terceiro dia do festival.
Ainda no palco principal, os três dias serão encerrados com a actuação de “dee-jays”, destacando-se neste campo as presenças dos magos britânicos do “drum’n’bass” Grooverider, no primeiro dia, e da dupla Krust e MC Dynamite, no terceiro. Já no palco nacional, a programação de Arcos de Valdevez passa em revista uma série de promessas e de certezas da música independente portuguesa. Stealing Orchestra, Clockwork e Outbreak, no primeiro dia, Atomic Bees, Madame Godard e Table With Random Numbers, no segundo, e Wray Gunn, More República Masónica e Um Zero Amarelo, no terceiro, são as bandas em cartaz. Por tudo isto, vá de vez.
Tiago Luz Pedro